15932
Visualizações
Acesso aberto Revisado por pares
Artigo de Revisao

A cobertura ideal para tratamento em paciente queimado: uma revisão integrativa da literatura

The ideal coverage for treatment in a burning patient: an integrating literature review

Ana Paula Brito Silveira Oliveira1; Lilian Albregard Peripato2

RESUMO

OBJETIVO: O presente estudo objetiva uma revisao de literatura detalhada a respeito da difícil escolha da melhor cobertura do paciente acometido por queimaduras.
MÉTODO: A análise foi realizada por meio de pesquisa de literatura on-line em periódicos nacionais e internacionais relacionados com o tema. Tratase de uma revisao integrativa da literatura, na qual a coleta de dados ocorreu no período de agosto de 2016 a agosto de 2017. As bases de dados utilizadas foram: MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (Scielo), por meio de busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foi estabelecido o recorte do tempo para inclusao de publicaçoes de 2006 a 2017.
RESULTADOS: Existem vários tipos de coberturas indicadas no tratamento da queimadura. A prata é o tratamento padrao. Nos dias atuais, diante das várias opçoes e inovaçoes, tem-se utilizado prata mais associaçoes, devido à eficácia e melhor custo-benefício.
CONCLUSAO: É necessário conhecimento específico do dermatoterapeuta para que o tratamento ao paciente queimado tenha êxito. É preciso treinar enfermeiros para oferecer o suporte necessário a esses pacientes, atendendo-os de forma ímpar, com estudo específico de cada caso. Sugere-se a prata com associaçoes para o tratamento da queimadura. A literatura sobre esse tema é escassa. Sendo assim, o surgimento de novas terapias mais eficazes ainda é esperado.

Palavras-chave: Queimaduras. Cuidados de Enfermagem. Bandagens. Proteínas de Prata.

ABSTRACT

OBJECTIVE: The present study aims at a detailed literature review regarding the difficult choice of the best coverage of patients suffering from burns, considering a range of options.
METHODS: The analysis was performed through online literature research in national and international journals related to the topic. It is an integrative review of the literature, in which the data collection took place from August 2016 to August 2017. The databases used were: MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Latin American Literature and the Caribbean in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), through the search in the Virtual Health Library (VHL). The time cut was established for the inclusion of publications from 2006 to 2017.
RESULTS: There are several types of coverage indicated in the treatment of burn. Silver is the standard treatment. Nowadays, in front of the various options and innovations has been used more silver associations, due to the effectiveness and better cost-benefit.
CONCLUSION: Specific knowledge of the dermatologist is necessary so that the treatment of the burned patient can be successfully achieved. It is necessary to train nurses to offer the necessary support to these patients, attending them in an odd way, with specific study of each case. Silver is suggested with associations for the treatment of burn. The literature on this subject is scarce. Thus, the emergence of more effective new therapies is still expected.

Keywords: Burns. Nursing Care. Bandages. Silver Proteins.

INTRODUÇAO

Pode-se definir queimaduras como uma injúria grave na pele ou em outro tecido, gerando uma condiçao aguda ou crônica debilitante1.

Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, a cada ano há 1 milhao de casos de queimaduras, 200 mil sao atendidos nos serviços de emergência e 40 mil sao hospitalizados. O cuidado ao paciente acometido por queimadura é importante para o retorno ao convívio social. O cuidado inicial da equipe multiprofissional é fundamental, mas o acompanhamento de um enfermeiro especialista faz toda a diferença2.

O atendimento ao paciente queimado é tarefa delicada e específica. Os cuidados direcionados a este paciente envolvem toda a equipe de saúde e nao se restringem somente a cuidados emergenciais, mas também um tratamento direcionado, demorado e muito importante para a reabilitaçao completa e com a menor quantidade de sequelas possíveis2.

Durante a assistência ao cliente queimado, o enfermeiro terá uma rotina com muito trabalho, dor e sofrimento3. A equipe de enfermagem é um elemento base e indispensável no processo de gerenciamento da dor aguda relacionada à queimadura4.

As sequelas deixadas pelas queimaduras afetam a qualidade de vida dos pacientes, produzindo impactos emocionais e sociais que perduram muito tempo. O desenvolvimento de novos recursos de tratamento pode melhorar esse quadro5.

Esta pesquisa tem por objetivo descrever, por meio de revisao integrativa de literatura, a difícil escolha da cobertura para tratar paciente queimado, possibilitando, assim, oferecer subsídios científicos, na perspectiva de contribuir para assistência e açoes adequadas, partindo da necessidade de enfatizar o papel do enfermeiro especialista diante de um tratamento específico e complexo.


MÉTODO

Este estudo caracteriza-se em revisao integrativa de literatura buscando descobrir a cobertura adequada ao tratamento paciente vítima de queimadura.

A pesquisa de literatura foi delimitada por publicaçoes que abordassem o cuidado de enfermagem ao paciente queimado, os curativos utilizados em ambiente hospitalar. A coleta de dados ocorreu no período de junho de 2016 a agosto de 2017.

As fontes de pesquisa utilizadas foram artigos científicos, livros e material disponibilizado na internet. Foram levantados dados a partir de análises em livros referentes ao assunto e posteriormente uma busca pela Biblioteca Virtual em Saúde, especialmente Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e na biblioteca virtual Scientific Eletronic Library Online (SciELO) (Figura 1).


Figura 1 - Fluxograma de identificaçao, seleçao e inclusao dos estudos.



Foram considerados com critério de inclusao: artigos publicados no período de 2006 a 2017, escritos em português e inglês, e que apresentassem o texto completo disponível. Salienta-se que a busca foi realizada de forma ordenada: Medline, LILACS e SciELO. No Medline, utilizando-se o cruzamento dos descritores: queimaduras, cuidados de enfermagem, bandagens, foram encontrados 16 artigos, sendo 15 escritos em inglês e somente 1 em português. Destes, apenas 4 foram aproveitados, por estarem de acordo com o tema.

No LILACS realizaram-se dois cruzamentos: queimaduras-cuidados de enfermagem, no qual foram achados 26 artigos, sendo 25 artigos em inglês e somente 1 em português, dos quais 4 foram aproveitados por estarem de acordo com a temática. No segundo cruzamento, ainda no LILACS, com os descritores: queimaduras-bandagens, encontraram-se 13 artigos, todos em português, sendo 10 aproveitados.

No SciELO, ao cruzar queimaduras com cuidados de enfermagem 7 artigos foram encontrados, sendo apenas 1 em inglês. Destes, 4 eram repetidos com o LILACS. Também no LILACS, ao cruzar queimaduras-bandagens, obteve-se apenas 1 artigo, que se repetiu com 1 artigo do SciELO. A escolha das referências foi feita pelos títulos e leitura dos conteúdos e 23 foram aproveitadas de maneira parcial ou total por estarem de acordo com a temática e inseridos no espaço-tempo. Foram excluídos os artigos científicos publicados duplicados; nao disponíveis na íntegra; teses ou dissertaçoes; de outras áreas de conhecimento e inadequados à temática.

A revisao integrativa é um método de pesquisa que permite a busca, a avaliaçao crítica e a síntese das evidências disponíveis do tema investigado, sendo o seu produto final o estado atual do conhecimento do tema investigado, a implementaçao de intervençoes efetivas na assistência à saúde e a reduçao de custos, bem como a identificaçao de lacunas que direcionam para o desenvolvimento de futuras pesquisas.

A revisao integrativa oferece aos profissionais de diversas áreas de atuaçao na saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisao, proporcionando um saber crítico. Para a realizaçao desse estudo, serao utilizados os seguintes passos/etapas: elaboraçao da questao de pesquisa; estabelecimento dos critérios de inclusao e exclusao; busca on-line para identificar e coletar o máximo de pesquisas relevantes; definiçao das informaçoes a serem extraídas dos artigos selecionados; análise dos resultados; discussao e apresentaçao dos resultados6.


RESULTADOS

A pele, maior órgao do corpo humano, é responsável pela proteçao, sensibilidade, estética e defesa do organismo. Nas lesoes por queimaduras há necessidade de utilizar tratamento adequado até que se produza a cicatrizaçao e a formaçao de granulaçao nas áreas mais profundas7. Ao perder a barreira de proteçao, o paciente pode ficar exposto a um crescimento bacteriano maciço2,8. As queimaduras, especialmente as infectadas com MRSA, sao um grave problema de saúde pública por causa do tratamento difícil e, muitas vezes, mal-sucedido, o que confirma um aumento da morbidade e mortalidade nesses pacientes, além de excesso de custos para os serviços de saúde9.

Após estabilizar o cliente hemodinamicamente, a cobertura deverá ser feita sob analgesia, e a ferida higienizada. As bolhas devem ser rompidas e os tecidos desvitalizados removidos, administrando-se uma cobertura antimicrobiana. A atençao deve ser voltada ao tratamento tópico da ferida, limpeza, desbridamento e aplicaçao da cobertura, que deve oferecer, como componente primário, condiçoes ideais para reepitelizaçao2,10.

O curativo é um meio terapêutico utilizado na limpeza e aplicaçao de material sobre a ferida com o propósito de favorecer o processo de cicatrizaçao e protegê-la contra agressoes externas. Os curativos têm a funçao de converter uma ferida aberta e potencialmente contaminada em uma ferida limpa11,12. O tratamento de pacientes queimados é direcionado para reduzir o edema, evitar ou combater infecçoes, proteger os tecidos viáveis, fortalecer as defesas e prover substratos essenciais para acelerar a cicatrizaçao13.

A escolha da cobertura é muito importante para a aceitaçao do tratamento pelo paciente, devendo dar-se preferência aos menos dolorosos e de mais fácil manuseio14.

Existem vários tipos de coberturas no tratamento da queimadura. Pode-se utilizar a sulfadiazina de prata associada ou nao ao nitrato de cério, hidrocoloides, hidrogel, AGE, gazes nao aderentes, membranas sintéticas e biológicas, matriz de regeneraçao dérmica. Todos os curativos de queimaduras precisam ser oclusivos, exceto os localizados na face e na regiao genital. A utilizaçao de PVPI e clorexidina tem seu uso questionável em lesoes abertas por apresentarem açao bactericida neutralizada na presença de matéria orgânica, além de serem citotóxicos ao tecido de cicatrizaçao6.

O curativo ideal deve prover um ambiente úmido, amplo aspecto antimicrobiano, ter baixa toxidade, açao rápida, nao provocar irritaçao, nao promover aderências e ser efetivo mesmo na presença de grande quantidade de exsudato10.

Pode-se utilizar a sulfadiazina de prata, alginato de prata, hidrogéis (aceleram a reparaçao tecidual da queimadura e aliviam a dor, pois fornecem um ambiente úmido que favorece a cicatrizaçao, além de promover um alívio da dor). Os mais evidenciados em processo cicatricial sao os curativos com prata, pois além de auxiliar na reepitelizaçao promovem açao antimicrobiana importante no tratamento das queimaduras. Os curativos substitutivos de pele, o petrolato e a espuma de silicone também sao utilizados como alternativa para o tratamento de queimaduras. Sendo que todos auxiliam no processo cicatricial e fornecem conforto ao paciente15.

Ao longo dos anos, inúmeras substâncias foram utilizadas no tratamento das queimaduras, como o acetato de sulfanomida 10%, nitrofuranzona 0,2%, substâncias contento açúcar, como o mel. Em 1960 a soluçao era com nitrato de prata a 0,5% e em 1968 introduziu-se os cremes com sulfadiazina de prata1,12.

A sulfadiazina de prata é uma combinaçao do nitrato de prata com ácido sulfadiazídico fraco, dois agentes bacterianos. Este curativo é comercializado na forma de 1% creme ou soluçao aquosa, sendo uma das primeiras opçoes para o tratamento de queimaduras1.

Recentemente, outras preparaçoes com prata sao opçoes importantes no tratamento da queimadura, visando principalmente uma atividade bactericida mais duradoura no leito da ferida, sem toxidade para as células lesadas e maior capacidade de recuperaçao. Essas tecnologias utilizam curativos com liberaçao gradual da prata, ao invés do sal separado, composto ou soluçao10.

A cobertura de prata nanocristalina apresenta vantagens como facilidade de utilizaçao, melhor cicatrizaçao e maior liberaçao da prata, permitindo trocas menos frequentes. Ela mantém a atividade antimicrobiana mais efetiva, sendo menos exsudativa a ferida1,11,12.

Em um estudo com sete pacientes, a média de tempo para epitelizaçao foi em média 16 dias, utilizando a prata nanocristalina. A quantidade de curativos realizados durante o tratamento foi, em média, dois. Comparando os custos nos sete casos analisados, houve uma economia de 15% em comparaçao ao curativo com creme de sulfadiazina de prata a 1%12.

Para tratamentos de queimaduras de espessura parcial, utiliza-se outro curativo, que além do íon de prata possui uma fina camada de silicone, nao aderente, que mantém o ferimento hidratado, sem lesar os tecidos de regeneraçao1.

Existem, também, os curativos de espuma absorvente que incorporam a prata com analgésicos e anti-inflamatórios, liberados de forma contínua, à medida que o exsudato é absorvido1.

Os melhores resultados com relaçao ao paciente queimado referem-se à maior velocidade e restauraçao tecidual, reduçao da dor e da infecçao, além do melhor aspecto estético da ferida. Como nova tecnologia, destaca-se a cobertura de hidroalginato associado à prata. É altamente absorvido e tem açao antimicrobiana, evita o acúmulo de exsudato e infecçao secundária. Permite que os pacientes consigam trocar seus próprios curativos, sem a necessidade de retornos tao frequentes à unidade de saúde14.

Os géis de quitosana apresentaram um tempo de retençao satisfatório sobre as feridas. A liberaçao da sulfadiazina de prata e o tempo de cicatrizaçao nao foram estatisticamente diferentes. Feridas tratadas com o gel de quitosana contendo sulfadiazina de prata apresentaram maior produçao de fibroblastos e uma melhor angiogênese, comparando-se com os outros grupos, fatores que indicaram uma maior evoluçao no processo de cicatrizaçao. O uso tópico do gel de quitosana com sulfadiazina de prata a 1% melhorou a neovascularizaçao e a reaçao inflamatória em queimaduras16.

Em outro estudo, em que o objetivo era analisar características morfológicas e organizaçao das fibras colágenas de queimaduras de terceiro grau provocadas por escaldo em relaçao à terapia com laser e àquela considerada padrao-ouro, a sulfadiazina de prata, constatou-se que a sulfadiazina modulou a deposiçao das fibras colágenas mais eficientemente que o laser17. Outra pesquisa, por meio de revisao sistemática, aponta que nao há evidência suficiente na literatura para sustentar a utilizaçao de ácido hialurônico no tratamento tópico de queimaduras, porém, constatou-se que a açao tópica da combinaçao entre ácido hialurônico e sulfadiazina de prata apresentou resposta significativamente favorável no que tange ao tempo médio de cicatrizaçao de queimaduras de espessura parcial ou espessura parcial profunda18.

Um estudo comparou a base lipídica de sulfadiazina de prata e um gel antimicrobiano solúvel em água usado na Universidade da Virgínia. O gel poliantimicrobiano solúvel em água foi superior ao SSD nos parâmetros medidos conforme demonstrado pela taxa de abandono do paciente e tempo diferencial para realizar cuidados de curativo. Limitar o tempo de realizaçao de curativo reduz a experiência de dor cumulativa, melhora a satisfaçao do paciente e reduz os recursos para oferecer cuidados19.

Um estudo comparando um curativo para feridas composto de alginato de prata e poliuretano com 1% de sulfadiazina de prata demonstrou que o curativo avançado tem melhores resultados, entre eles menor troca e menor tempo de cura (7 a 10 dias), e a sulfadiazina (14 a 18 dias)20.

As queimaduras superficiais devem ser tratadas com agentes tópicos, já as profundas necessitam de tratamento cirúrgico com enxertos15. O uso de enxerto de pele parcial com queimaduras de segundo e terceiro grau é padronizado.

Em um estudo onde associou-se o curativo de pressao negativa à matriz de regeneraçao dérmica, os resultados foram promissores. O curativo de pressao negativa acelerou o tempo de maturaçao da matriz para 14,57 dias, aumentando a pega média para 93,38%11.

A malha de algodao parafinado é constituída de material nao absorvível, que protege a ferida. A malha de fibra de celulose é usada em formato de malha fenestrada formada por celulose artificial. A gaze impregnada com parafina promove uma reepitelizaçao mais rápida em comparaçao com a malha fina de fibra de celulose salinizada, além de ser menos dolorida e apresentar um melhor custo-benefício21.

As membranas de celulose sao obtidas por síntese bacteriana. Os resultados preliminares do seu uso foram promissores, porém, mostraram a necessidade de aperfeiçoamento da membrana, por nao permitir a drenagem de secreçoes e pela dificuldade de adesao em áreas mobilizáveis. Desenvolveu-se uma membrana de celulose da bactéria acrescida de poros, o que sanou as deficiências do curativo anterior. Nas queimaduras de 2° grau superficiais, os curativos permaneceram no local aplicado por 7 dias22.

Segundo uma pesquisa realizada em centro de queimados, os enfermeiros (86%) sao responsáveis primários pelo tratamento de feridas de pacientes internados, seguidos pelos técnicos de enfermagem (24%)23.

Cuidar de pacientes demanda cuidados elevados. Segundo relatos de pacientes, as enfermeiras fazem uma grande diferença na recuperaçao, pois seu toque e seu cuidado ajudam a vítima a melhorar24.

A equipe que atua em Unidades de Queimados deve estar preparada para identificar situaçoes que podem ser estressantes para o paciente, nao somente durante o período de internaçao, mas também após a alta hospitalar25.


DISCUSSAO

Diante de uma gama de opçoes de produtos relacionados ao cuidado de queimaduras, o enfermeiro sente-se apreensivo para decidir.

Uso da prata

A prata é, sem dúvida o medicamento "curinga" no tratamento da queimadura. Em todos os estudos pesquisados, nacionais e internacionais, relevante investigar comparativamente a prata em todas as suas variaçoes.

Vantagens: considerando que as infecçoes sao frequentes e graves complicaçoes nos pacientes queimados, a sulfadiazina se tornou o medicamento padrao.

Desvantagens: é necessário realizar muitas trocas no curativo, o que ocasiona dor ao paciente e aumento do valor do tratamento no centro médico.

Com as pesquisas e inovaçoes, outros medicamentos associados a ela foram surgindo. A prata nanocristalina e os curativos associados à interface nao traumática da ferida e de espuma absorvente apresentaram tempo de reepitelizaçao menor que o da sulfadiazina de prata. De acordo com resultados obtidos em pesquisa, os curativos de prata nanocristalina, em relaçao à sulfadiazina de prata, diminuem os custos médicos e nao médicos, proporcionando economia substancial à instituiçao12.

A prata associada ao gel de quitosana melhora a cicatrizaçao da ferida, assim como a associaçao da sulfadiazina ao ácido hialurônico. Essa parceria também se apresentou promissora.

O hidroalginato associado à prata também apresentou resultados positivos, sendo de fácil manuseio, o que possibilita a troca pelo próprio paciente, evitando a ida na unidade de saúde e consequentemente diminuindo custos.

Um outro estudo, comparando o uso da sulfadiazina de prata e o laser, mostrou que a sulfadiazina é mais eficaz na cicatrizaçao da ferida que o laser.

Na literatura internacional encontrou-se uma pesquisa que compara sulfadiazina de prata e um gel antimicrobiano solúvel em água. Após a pesquisa, constatou-se que o tempo de cicatrizaçao foi menor do gel em relaçao à sulfadiazina.

O curativo com alginato de prata também se mostrou superior, em relaçao ao menor tempo de cicatrizaçao da ferida, ao ser comparado à sulfadiazina.

Acelerar a melhora no tratamento ao paciente queimado é bastante significativo, tanto para o paciente, que sente menos dor, quanto para a equipe de enfermagem, que sofre menor desgaste, quanto para a instituiçao, que diminui os gastos.

Implicaçoes e limitaçoes: as evidências científicas ainda sao insuficientes para determinar se os tipos de curativos contendo prata diferem entre si quanto ao tempo para completar a epitelizaçao da ferida, a proporçao de lesoes epitelizadas, dor e percentual de infecçao12.

Inovaçao: os curativos que associam prata com anti-inflamatórios liberados de forma contínua proporcionam bastante conforto ao paciente, opçao inovadora e moderna.

Em um estudo internacional constatou-se que o gel poliantimicrobiano solúvel em água é superior à sulfadiazina de prata. Somente um estudo é insuficiente para estabelecer protocolos. Sao necessárias mais pesquisas na área.

A sulfadiazina de prata é mais eficaz se for utilizada em conjunto com outras substâncias, conforme constatado em vários artigos, nacionais e internacionais,

Um menor gasto com medicamentos representa economia para a instituiçao e para o cliente, proporcionado conf orto ao paciente e a família, reduzindo o estresse e a ansiedade na finalizaçao do tratamento.

Outras coberturas

Existem outras coberturas, tao importantes quanto a prata, utilizadas em casos específicos em pacientes queimados, como o AGE, hidrogéis, matriz de regeneraçao dérmica, malha de algodao parafinado, malha de fibra de celulose.

Inovaçao: as membranas porosas de celulose bacteriana sao uma alternativa válida para o tratamento de queimaduras de 2° grau superficiais e profundas

Vantagens: as membranas porosas sao promissoras com relaçao à recuperaçao das lesoes. Resistência e adesao ao meio úmido.

Desvantagens: sao necessários novos estudos comparativos.

A malha de algodao parafinado mostrou-se mais eficiente que a malha de fibra de celulose.

Entre as vantagens, estao:

A gaze impregnada com parafina promove reepitelizaçao mais rápida no local doador de enxerto de pele parcial, com potencial para reduzir a dor e o tempo de internaçao hospitalar em comparaçao com a malha de fibra de celulose salinizada.

O hidrogel é muito utilizado em diversos tipos de queimaduras, principalmente as de 2° grau.

Algumas vezes, a instituiçao demonstra resistência quanto a inovaçao de curativos. O enfermeiro especialista deve respaldar-se em estudos e pesquisas que embasarao suas escolhas.


CONCLUSAO

É preciso treinar enfermeiros para oferecer o suporte necessário a pacientes queimados, deixando-os com o mínimo de sequelas físicas, mentais e sociais. Para que isso ocorra, o especialista necessita atendê-lo de forma ímpar, com estudo específico de cada caso.

Conclui-se que as inovaçoes sao um diferencial a ser observado pelo enfermeiro especialista na escolha do tratamento. Com a diminuiçao das trocas de curativos, tem-se um maior custo-benefício, incentivando o profissional a decidir por bandagens com tecnologias mais avançadas, sem esquecer dos múltiplos fatores a ser considerados, visando à recuperaçao do paciente.

Observou-se que as associaçoes, de preferência com o uso da prata, garantem o sucesso no tratamento. Novas associaçoes estao sendo testadas a cada dia, porém os estudos sao insuficientes, mas sinalizam que o futuro da terapêutica que engloba a administraçao de curativos em queimados é promissor.

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇOES

Observou-se a complexidade do tratamento em paciente queimado, respeitando os fatores físicos, emocionais e sociais.

Constatou-se a escassez de pesquisas brasileiras e internacionais relacionadas ao tema.

Propoem-se novos estudos referentes ao cuidado com queimados.

Sugere-se o uso da prata e suas associaçoes para tratamento de queimaduras de segundo grau, tendo em vista os resultados dos principais estudos.

Entende-se que outras coberturas utilizadas possuem importância para tratamentos específicos, como enxertos.

Salienta-se a importância do enfermeiro dermatologista na elaboraçao de um plano de cuidados individualizado para o paciente acometido por queimadura e escolha do curativo ideal.


REFERENCIAS

1. Moser HH, Pereima MJL, Soares FF, Feijó R. Uso de curativos impregnados com prata no tratamento de crianças queimadas internadas no Hospital Infantil Joana de Gusmao. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(3):147-53.

2. Silva RCL, Figueiredo NMA, Meirelles IB, orgs. Feridas: fundamentos e atualizaçoes em enfermagem. 3ª ed. Sao Caetano do Sul: Yendis; 2011.

3. Oliveira TS, Moreira KFA, Gonçalves TA. Assistência de enfermagem com pacientes queimados. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(1):31-7.

4. Silva BA, Ribeiro FA. Participaçao da equipe de enfermagem na assistência à dor do paciente queimado. Rev Dor. 2011;12(4):342-8.

5. Barretto MGP, Costa MGMF, Serra MCV, Afiune JB, Praxedes HEP, Pagani E. Estudo comparativo entre tratamento convencional e tratamento com heparina tópica para a analgesia de queimaduras. Rev Assoc Med Bras. 2010;56(1):51-5.

6. Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvao CM. Revisao integrativa: método de pesquisa para incorporaçao de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):758-64.

7. Mendes Junior ECS, Viterbo F, Rosa CS. Análise histológica e morfométrica da área cruenta tratada com silicone: estudo em ratos. Rev Assoc Med Bras. 2007;53(5):395-400.

8. Chaves SCS. Açoes da enfermagem para reduzir os riscos de infecçao em grande queimado no CTI. Rev Bras Queimaduras. 2013;12(3):140-4.

9. Peripato LA, Taminato M, Peripato Filho AF, Beretta ALRZ. Mortality among Burned Colonized/Infected by Staphylococcus aureus Sensitive and Resistant to Methicillin: Meta-Analysis. Am J Public Health Res. 2014;2(3):103-7.

10. Moser H, Pereima RR, Pereima MJL. Evoluçao dos curativos de prata no tratamento de queimaduras de espessura parcial. Rev Bras Queimaduras. 2013;12(2):60-7.

11. Oliveira MES, Soares FF, Feijó R, Pereima MJL. Curativo de pressao negativa associado à matriz de regeneraçao dérmica: análise da pega e do tempo de maturaçao. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(2):76-82.

12. Moreira SS, Macedo AC, Nunes BB, Brasileiro FF, Guarizzo J, Gozzano R, et al. Implantaçao de nova tecnologia para otimizaçao do atendimento em ambulatório de queimados, sem adiçao de custos. Rev Bras Queimaduras. 2013;12(2):87-102.

13. Brito T. Tratamento coadjuvante com oxigenoterapia hiperbárica em pacientes grandes queimados. Rev Bras Queimaduras. 2014;13(2):58-61.

14. Rocha FS, Sakai RL, Simao TS, Campos MH, Pinto DCS, Mattar CA, et al. Avaliaçao comparativa do uso de hidroalginato com prata e o curativo convencional em queimaduras de segundo grau. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(3):106-10.

15. Tavares WS, Silva RS. Curativos utilizados no tratamento de queimaduras: uma revisao integrativa. Rev Bras Queimaduras. 2015;14(4):300-6.

16. Nascimento EG, Sampaio TB, Medeiros AC, Azevedo EP. Evaluation of chitosan gel with 1% silver sulfadiazine as an alternative for burn wound treatment in rats. Acta Cir Bras. 2009;24(6):460-5.

17. Gomes MT, Campos GR, Piccolo N, França CM, Guedes GH, Lopes F, et al. Experimental burns: Comparison between silver sulfadiazine and photobiomodulation. Rev Assoc Med Bras. 2017;63(1):29-34.

18. Dalmedico MM, Meier MJ, Felix JVC, Pott FS, Petz FFC, Santos MC. Coberturas de ácido hialurônico no tratamento de queimaduras: revisao sistemática. Rev Esc Enferm USP. 2016;50(3):519-24.

19. Black JS, Drake DB. A prospective randomized trial comparing silver sulfadiazine cream with a water-soluble polyantimicrobial gel in partial-thickness burn wounds. Plast Surg Nurs. 2015;35(1):46-9.

20. Opasanon S, Muangman P, Namviriyachote N. Clinical effectiveness of alginate silver dressing in outpatient management of partial-thickness burns. Int Wound J. 2010;7(6):467-71.

21. Jorge JLG, Naif C, Marques EGSC, Andrade GAM, Lima RVKS, Müller Neto BF, et al. Malha de algodao parafinado versus malha de fibra de celulose salinizada como curativo temporário de áreas doadoras de pele parcial. Rev Bras Queimaduras. 2015;14(2):103-8.

22. Vieira JC, Badin AZD, Calomeno LHA, Teixeira V, Ottoboni E, Bailak M, Salles Júnior G. Membrana porosa de celulose no tratamento de queimaduras. Arq Catarin Med. 2007;36(Suppl.1):94-7.

23. Holavanahalli RK, Helm PA, Parry IS, Dolezal CA, Greenhalgh DG. Select practices in management and rehabilitation of burns: a survey report. J Burn Care Res. 2011;32(2):210-23.

24. Hall B. Care for the patient with burns in the trauma rehabilitation setting. Crit Care Nurs Q. 2012;35(3):272-80.

25. Carlucci VDS, Rossi LA, Ficher AMFT, Ferreira E, Carvalho EC. A experiência da queimadura na perspectiva do paciente. Rev Esc Enferm USP. 2007;41(1):21-8.









Recebido em 14 de Maio de 2017.
Aceito em 9 de Março de 2018.

Local de realização do trabalho: FHO-Uniararas, Araras, SP Brasil

Conflito de interesses: Os autores declaram não haver


© 2024 Todos os Direitos Reservados